Dois jornalistas da Woona TV, Sérgio Fernando e Édio Fernando, foram violentamente agredidos na manhã desta quarta-feira, 23 de abril, por seguranças da empresa Front Risk Solutions, contratada para proteger as instalações de uma fábrica clandestina de óleo alimentar “Super Vega”, localizada em Nacala-Porto, província de Nampula.
A agressão ocorreu quando a equipa de reportagem se dirigiu ao local para averiguar o cumprimento da ordem de suspensão emitida pela Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE), no passado dia 16 de abril. No comunicado, a INAE revelou a existência da referida unidade fabril a operar de forma ilegal, produzindo óleo sem qualquer controlo de qualidade por parte das autoridades sanitárias, com a utilização indevida do selo “Made in Mozambique”.
Sérgio Fernando, uma das vítimas, relatou que a equipa tentou agir com toda a prudência. “Quando chegamos, identificámo-nos aos seguranças e explicamos o propósito da nossa presença e eles informaram-nos que os seus superiores não permitiram a nossa entrada no recinto da fábrica e pediram que nos retirássemos do local. Acatámos a decisão e nos afastamos cerca de 15 metros, permanecemos do lado de fora da fábrica e começámos a gravar um semidirecto, mostrando que estávamos no local e a explicar a situação”.
Contudo, a vítima explica que o trabalho foi interrompido de forma violenta. “Cinco seguranças vieram até nós e começaram a atacar fisicamente o operador de câmara. Tentaram tirar o equipamento e acabaram por vandalizar o tripé e a base da câmara. Eu estava a usar o telemóvel para registar imagens, mas um dos seguranças também me agrediu e destruiu o microfone que eu segurava”, relatou Fernando.
Os jornalistas descrevem que durante a confusão, um dos seguranças chegou a disparar para o ar, numa clara tentativa de intimidação mesmo após os primeiros ataques, daí decidiram afastar-se das mediações da fábrica. Após saírem do local, os repórteres foram seguidos por uma viatura da mesma segurança, ao longo da Estrada Nacional Número 8. “Eles nos pararam e disseram que queriam conversar, mas eu disse que depois de terem nos agredido fisicamente já não havia espaço para diálogo”.
A equipa, dirigiu-se de imediato à esquadra policial mais próxima, onde apresentou queixa e foi conduzida a uma unidade de saúde para atendimento médico. “Fomos ao hospital e estamos neste momento a medicar, o operador de câmara contraiu ferimentos nos lábios e queixa-se de fortes dores de cabeça e eu sinto dores fortes na costela do lado esquerdo”. afirmou Sérgio Fernando. A Woona TV já submeteu o caso às autoridades de justiça, exigindo a responsabilização dos envolvidos.
Posicionamento
O MISA Moçambique condena as agressões perpetradas contra os jornalistas da Woona TV, que apenas cumpriam com o seu dever de informar o público sobre questões de interesse nacional, como a segurança alimentar e a legalidade da produção industrial no país. Trata-se de um atentado grave à liberdade de imprensa e ao direito à informação, direitos fundamentais consagrados na Constituição da República de Moçambique.
O uso de força bruta, intimidação armada e destruição de material jornalístico constitui uma escalada inaceitável de violência contra profissionais da comunicação social.
O MISA exorta as autoridades competentes a agir com celeridade, responsabilizando criminalmente os autores deste acto bárbaro. Da mesma forma, insta as empresas privadas a garantirem que as suas forças de segurança actuem dentro dos limites legais e com total respeito pelos direitos dos cidadãos.
Maputo, 24 de Abril de 2025