logo misa

Promovendo a Liberdade de Expressão na África Austral

WhatsApp Image 2023 12 18 at 14.08.07

Quatro dias depois do bárbaro assassinato do jornalista João Chamusse, o MISA-Moçambique submeteu, na manhã desta segunda-feira, 18 de Dezembro de 2023, na PGR, uma petição sobre a impunidade dos crimes contra jornalistas. Na petição, com mais de meia centena de subscritores, o MISA insta a Procuradoria Geral da República (PGR) a tomar medidas sérias para o fim da impunidade pelos crimes contra jornalistas, numa altura em que o país volta a assistir ao assassinato de mais um jornalista.

É considerando haver apatia das autoridades perante a recorrente violência contra jornalistas, incluindo assassinatos contra os mesmos, que o MISA-Moçambique submeteu a petição instando à PGR e as demais relevantes instituições de justiça a tomarem medidas mais sérias e responsáveis para acabar com a impunidade dos crimes contra os profissionais de comunicação social, no país. A petição assinala que a actuação do Ministério Público, entanto que detentor da acção penal e garante da legalidade, de não esclarecer os casos de violência contra jornalistas e garantir a realização da justiça por uma investigação criminal séria e responsável, está, em grande medida, a alimentar a impunidade pelos crimes contra estes profissionais e, ao mesmo tempo, a incentivar esta prática criminal e a institucionalizar o medo na sociedade moçambicana.

Por isso, refere e petição, a PGR deve respeitar e pôr, imediatamente em prática, as suas competências constitucionais e estatutárias para o fim da impunidade dos crimes contra os jornalistas e realização da justiça como efectivação do Estado de Direito Democrático e de justiça social, que caracteriza a Constituição da República. Caso contrário, o Ministério Público estará a ser cúmplice para a prática dos crimes contra os jornalistas e para a prática da justiça privada ou pelas próprias mãos, devido ao crescente descrédito das instituições de justiça aos olhos dos cidadãos, adverte o documento. Acrescenta que o mais recente assassinato do Jornalista João Chamusse é um inaceitável “presente de natal”, cuja culpa não deve morrer solteira, à semelhança de vários crimes contra os jornalistas.

 

“Chamusse, Chamusse, a sua voz não vai calar”

A submissão da petição, na manhã desta segunda-feira, foi o culminar de uma marcha iniciada no Jardim Municipal Nangade (antiga Dona Berta), que percorreu a Avenida Vladmir Lenine, até desaguar na PGR. Perto de uma centena de pessoas, entre jornalistas e activistas de direitos humanos, marcharam sob cânticos de reivindicação de um espaço livre para o exercício do jornalismo e de condenação ao bárbaro assassinato do jornalista João Chamusse, na semana passada.

“Chamusse, Chamusse, a sua voz não vai calar”; “quem somos nós? Jornalistas! O que queremos? Justiça!” cantavam os participantes, ao som de apitos, enquanto marchavam para a PGR. Falando à imprensa, momentos após a submissão da petição, o Presidente do MISA-Mocambique, Jeremias Langa, apelou ao Ministério Público para que exerca as suas funções que estão na Lei, no âmbito das suas atribuições de titular da acção penal e que faça uma investigação séria e profunda que permita o alcance da verdade material sobre as circunstâncias, os autores e as motivações por detrás do assassinato de João Chamusse.

De acordo com Jeremias Langa, o Ministério Público não deve cair na tentação de prender para investigar, nem de chegar a “verdades fáceis”, como tem se ouvido nos últimos dias relativamente a este assunto, numa clara alusão à detenção, ainda na semana passada, de um indivíduo, por sinal vizinho do malogrado, que é acusado de ter tirado a vida de João Chamusse. No breve contacto com jornalistas, o presidente do MISA explicou por que é importante esclarecer este mais um caso de assassinato.

“O esclarecimento sobre o assassinato de Chamusse é muito importantte para o clima de liberdade, em Moçambique. Os profissionais da classe jornalística estão intimidados, retraídos em relação às liberdades porque as pessoas não sabem quais foram as motivações para a morte de João Chamusse, se foi por via da sua liberdade intelectual de dizer o que pensa ou outras motivações”, referiu.  

Na mesma ocasião, Langa fez saber que o MISA vai constituir-se como assistente deste processo, de modo a acompanhar todas as suas diligências e saber quais os passos que serão dados até que haja esclarecimento total.

Maputo, 18 de Dezembro de 2023

 

WhatsApp Image 2023 12 18 at 14.08.34

WhatsApp Image 2023 12 18 at 14.08.44 

WhatsApp Image 2023 12 18 at 14.08.20

Com o apoio de:

igual partnercesc partnercesc partnercesc partner