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SENSAP

 

O MISA Moçambique tomou o conhecimento, esta terça-feira (28), da existência de vícios e inverdades nas conclusões do relatório do Serviço Nacional de Salvação Publica (SENSAP), em Quelimane, em torno do incêndio que reduziu a cinzas, a rádio Chuabo FM, o jornal Txopela e o portal Zambézia 24 horas, em fevereiro último.


Em conferência de imprensa realizada esta terça-feira (13), em Quelimane, o Administrador dos três meios de comunicação social, James Njinji, denunciou dados falsos no relatório do Comando Provincial do Corpo de Salvação Pública da Zambézia, emitido a 21 de fevereiro de 2023. Por exemplo, o documento refere que “a averiguação das causas do incêndio foi realizada pelos senhores Alex Ricardo Ocuane e Abrão Roque Victor”, que, afirma Njinji, nunca se teriam deslocado às instalações destruídas. “Confirmamos a chegada do senhor Manuel Cumaio no domingo [prometeu que regressava com os colegas e equipamento especializado para o trabalho no mesmo dia. Mas nunca mais regressou]”, disse James Njinji.


O relatório diz, ainda, que o “Comando Provincial de Salvação Publica, não teve conhecimento da ocorrência do incêndio, tendo apenas recebido a solicitação de averiguação das causas do incidente através do Governador da Província da Zambézia, Pio Augusto Matos, pelas 11 horas”. Para o Administrador Njinji, o “Comando Provincial de Salvação Publica mente copiosamente sobre a autoria da participação do incêndio bem como da hora de recepção desta.” A participação às autoridades, salienta, “foi feita as 12:12 minutos do dia 19, numa chamada que durou 1 minuto e 30 segundos e que teve como interlocutor o Porta-Voz do Corpo de Salvação Publica, senhor Manuel Cumaio.


James Njinji refuta, ainda, as afirmações segundo as quais “os averiguadores fizeram-se ao local do incêndio por volta da uma hora do dia 20 de fevereiro de 2023, para a realização dos trabalhos de peritagem que duraram cerca de 1 hora e meia. “Essa informação é fictícia, dado que a equipe que se deslocou ao local em primeira análise não trouxe nenhum equipamento próprio para o trabalho como havia prometido no dia anterior. No dia seguinte, o trabalho durou cerca de 30 minutos”, refere Njinji.


O relatório, prossegue Njinji, “faz subentender que as instalações estavam totalmente abandonadas e refere que não é possível aferir com exatidão o valor correspondente aos danos resultantes deste incêndio. Mas as imagens captadas e partilhadas comprovam a destruição de quase todo o material informático, de som e demais equipamentos na altura instalados no interior do edifício.” Por isso, o Administrador Njinji diz que “causa espanto a forma leviana e superficial como o assunto [incêndio] tem sido tratado.” Outrossim, repudia Njinji, o Ar condicionado que se presume tenha sido o ponto de ignição do incêndio estava totalmente desligado e sem conexão com a instalação eléctrica.


Diante destas constatações, a direcção da Radio Chuabo FM e do Jornal Txopela solicitou, junto do Comandante André Tazingua B. Mequissene, a reposição da verdade. Sem formalmente responder à solicitação, o SENSAP admitiu, em entrevista à Televisão de Moçambique (TVM), a existência de lacunas no documento. Acrescenta que a instituição deveria produzir o relatório do incêndio e posteriormente o das causas do ocorrido. Mas optou pelo relatório único.


Posicionamento

O MISA Moçambique repudia a trivialização do incêndio à rádio Chuabo e ao jornal Txopela, pelo SENSAP, em Quelimane. Para o MISA, as clamorosas inverdades e imprecisões do relatório demonstram, mais uma vez, a ausência de compromisso institucional para a investigação e prevenção de incidentes contra as infraestruturas mediáticas.

O MISA enaltece a humildade do SENSAP, em Quelimane, por reconhecer os erros. Mas exige medidas para, não apenas repor a verdade, mas responsabilizar os redactores e superiores hierárquicos que terão directa e indirectamente participado na concepção do documento eivado de inverdades, uma postura que pode roçar à incompetência, desleixo ou desinformação premeditada.