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Foi com choque que o MISA Moçambique tomou conhecimento, na manhã desta quinta-feira, 14 de Dezembro, do assassinato do jornalista João Chamusse. Até ao fecho deste comunicado, ainda eram escassas as informações sobre as circunstâncias reais da morte do jornalista, mas o respectivo corpo foi encontrado na casa do malogrado, no distrito municipal da Ka-Tembe, na cidade de Maputo, com sinais de violência. De acordo com relatos na imprensa, no local, o jornalista terá sido assassinado com recurso a armas brancas.

Ainda de acordo com os relatos, o jornalista encontrou a morte quando regressava de um convívio com amigos, não muito distante de casa. No entanto, também não são conhecidas as razões que levaram a este bárbaro acontecimento. À data da sua morte, João Chamusse era Director Editorial do semanário “Ponto por Ponto”. Antes, trabalhou para o diário MediaFAX, onde foi editor interino e, mais tarde, para o Jornal Zambeze. Foi, também, co-fundador do semanário Canal de Moçambique, antes de criar o semanário “Ponto por Ponto”. Em toda a sua carreira, João Chamusse apresentou-se como um cidadão crítico à governação e à corrupção. Nos últimos tempos, o jornalista também era comentador residente da Televisão Sucesso, onde nunca escondeu a sua desilução com o rumo do país, sobretudo com os últimos acontecimentos de fraudes eleitorias.

 

Posicionamento

O MISA Moçambique condena, nos termos mais veementes, o assassinato deste jornalista moçambicano que participou na luta pela afirmação das liberdades de imprensa e de expressão, no país. Para o MISA, nada justifica o assassinato de qualquer que seja o cidadão, muito menos de um jornalista, cujo trabalho é crucial para a sobrevivência de uma democracia. Independentemente das motivações, o assassinato de um jornalista é um grande revés para um país democrático, onde a imprensa é um pilar fundamental, pelo que o assasinato de João Chamusse merece ser condenado da forma mais veemente possível.

Nenhuma sociedade deve se permitir, pois, recorrer a assassinatos para resolver seus problemas, muito menos assassinar jornalistas. Ao mesmo tempo que condena este acto vil, o MISA Moçambique insta as autoridades competentes a investigar e esclarecer, o mais rapidamente possível, este acto que choca o país e o mundo. Só o esclarecimento do caso pode afastar a associação que está a ser feita, publicamente, do assassinato do jornalista e as suas posições críticas à governação da Frelimo, tanto na televisão como no Jornal. O Governo moçambicano precisa de enviar uma mensagem clara de que não compactua e nem tolera assassinatos de quem quer que seja, muito menos de jornalistas.

O MISA lembra que o nome de Moçambique, em matérias de liberdade de imprensa, de expressão e dos demais direitos fundamentais consagrados em democracias, encontra-se manchado a nível internacional, devido aos acontecimentos dos últimos anos, que incluem, justamente, assassinatos de jornalistas e raptos, entre outras formas de hostilização e repressão destes profissionais.

O Estado moçambicano não quererá carregar mais um fardo de assassinato de um jornalista, por isso, a forma que tem de afastar essas suspeitas é de esclarecer, com urgência, este crime público, que não carece de denúncia, levando seus actores, materiais e morais, a Tribunal. O MISA termina endereçando uma mensagem de condolências à família, colegas e amigos de João Chamusse e a toda a classe jornalística por este acontecimento bárbaro.

Maputo, 14 de Dezembro de 2023